Gabrielli defende investimento em refinarias no país

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, voltou a justificar ontem os investimentos da estatal na ampliação de sue parque de refino no país – estimados em US$ 35,4 bilhões no período de 2011 a 2015 -, em resposta a alguns questionamentos do mercado financeiro sobre a atuação da companhia nessa área.

Segundo Gabrielli, a necessidade de importações poderá subir dos atuais 5% para 40% do consumo de derivados se o país não investir agora na construção de refinarias. “Nós vamos investir em refinarias, sim, apesar de os bancos andarem reclamando”, comentou o executivo, referindo-se a críticas de alguns analistas em relação à velocidade dos projetos da empresa no setor.

A Petrobras traçou seu plano de investimento em refino com base em um crescimento de consumo doméstico a um ritmo médio anual de 3,8% a 4,5% entre 2010 e 2020. A expectativa é que a demanda brasileira por derivados, hoje em 2,2 milhões de barris por dia, suba para a faixa de 3,09 milhões a 3,32 milhões de barris no período.

Por isso, a estatal pretende elevar em 77,6% a capacidade de refino do país até 2020, para 3,21 milhões de barris diários, o que pode significar a autossuficiência brasileira no consumo de combustíveis. Os investimentos estão mais concentrados no Nordeste, como a refinaria Abreu e Lima, que está sendo erguida em Pernambuco, com início das operações previsto para 2012.

Se confirmada as previsões traçadas pela petroleira, o Brasil entrará nos próximos anos em um seleto grupo de países com consumo de derivados de petróleo superior a 3 milhões de barris. Hoje, apenas Estados Unidos, China, Japão e Índia estão nesse patamar, segundo Gabrielli.

Além das estratégias em refino, o executivo afirmou que, embora não possa ser ignorada, a crise externa não muda o programa de investimento da estatal, que prevê o aporte total de US$ 224,7 bilhões no período entre 2011 e 2015. “A crise é importante, mas não pode mudar um plano estratégico de longo prazo”, comentou.

Gabrielli repetiu os argumentos que foram colocados pela Petrobras quando a estatal decidiu acelerar os investimentos no auge da crise financeira deflagrada em setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers. A companhia parte da premissa de que a relação entre oferta e demanda seguirá apertada nos próximos anos.

Mesmo em um cenário de estabilidade no consumo global – algo entre 85 milhões e 88 milhões de barris por dia – o mundo precisaria adicionar de 45 milhões a 65 milhões de barris de “petróleo novo” apenas para repor o declínio de produtividade dos poços em operação, apontou o presidente da Petrobras.

Em relação aos impactos da turbulência nos Estados Unidos e na Europa sobre o mercado acionário, Gabrielli reconheceu que a desvalorização dos papéis da Petrobras é um ponto de preocupação, mas avaliou que a tensão dos investidores – o que inclui o receio envolvendo um novo mergulho da economia americana – levou o desempenho das ações a se descolar dos fundamentos da empresa.

Nesse caso, ele lembrou que a companhia registrou recorde de lucro no primeiro semestre – de R$ 21,93 bilhões -, com resultados operacionais classificados por ele como extraordinários. Segundo Gabrielli, a estatal não pretende, pelo menos no momento, realizar um programa de recompra de ações.

Fonte: Valor Econômico

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