A Avenida Agamenon Magalhães, principal corredor viário do Recife, por onde circulam diariamente cerca de cem mil veículos, ganhará quatro viadutos, entre a Ilha do Leite e o Parque Amorim, até o fim de 2013. O investimento, com recursos do governo estadual, está estimado entre R$ 180 milhões e R$ 200 milhões.
O plano de circulação, com informações técnicas, e o projeto dos viadutos ficarão prontos até novembro, com expectativa de licitação em dezembro. O anúncio foi feito ontem pelo governador Eduardo Campos, durante lançamento de um pacote de obras do Programa Estadual de Mobilidade Urbana (Promob), no Palácio do Campo das Princesas, área central.
O projeto prevê ainda a conclusão do Corredor Leste-Oeste e a construção do Corredor Norte-Sul, do Ramal Cidade da Copa e do Terminal Integrado Cosme e Damião, em São Lourenço da Mata.Na Agamenon, a novidade é que os viadutos serão estaiados, semelhante a um que existe no Tatuapé, em São Paulo. O modelo é assim chamado porque usa cabos de aço, dando a impressão de que a estrutura é sustentada por eles. O 1º será construído na entrada para a Avenida Rosa e Silva, no cruzamento em frente à McDonalds.
Outro vai ser implementado entre a Avenida Rui Barbosa e a Rua Fernandes Vieira (do Tribunal Regional Eleitoral ao Colégio Americano Batista). O 3º viaduto ficará entre as Ruas Dom Bosco (Colégio Contato) e Joaquim Nabuco (Hospital da Restauração). O 4º será no Paissandu, saindo da Rua General Joaquim Inácio e cruzando a Agamenon.Vamos construir os viadutos em pontos de estrangulamento da avenida.
Com as obras concluídas, serão retirados os semáforos, mantendo apenas o da Praça do Derby. Isso vai garantir mais fluidez do tráfego, destacou o secretário das Cidades, Danilo Cabral. Em horários de pico, a velocidade média na via é de 4,5 quilômetros por hora. A Urbana-PE, sindicato que reúne as empresas de ônibus do Grande Recife, custeará o plano de circulação e os projetos básico e executivo, orçados em cerca de R$ 1 milhão.
O plano vai indicar, por exemplo, para onde vão os veículos, a origem e o destino deles, observou Danilo Cabral. Professor da pós-graduação em arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), César Cavalcanti diz que é preciso uma reflexão mais aprofundada sobre a necessidade dos novos viadutos na Agamenon. Quando o Executivo prioriza a construção de viadutos, está prestigiando e incentivando o uso de carros, que não vão resolver os problemas de mobilidade. Fico meio reticente quanto a esse projeto, comentou.
Primeiro passo para corredores
Serão 52 quilômetros de corredores exclusivos de Transporte Rápido de Ônibus (TRO), semelhante ao que já existe hoje em cidades como Curitiba (Paraná), Bogotá (Colômbia) e Johanesburgo (África do Sul). Em vez dos tradicionais ônibus, a população contará com veículos com ar-condicionado e contagem eletrônica de passageiros. A passagem não será cobrada no coletivo. O usuário vai pagar antes do embarque, diminuindo o tempo de permanência dos ônibus nas estações. Tomara que isso realmente funcione, pois quem depende de ônibus sofre todos os dias com a demora nas paradas, comentou a vendedora Simone Santos, que trabalha no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife, e mora em Peixinhos, Olinda.
Estamos apostando no transporte público de passageiros. Essas obras vão melhorar a mobilidade na Região Metropolitana do Recife. Serão dois anos de trabalho. Com certeza haverá alguns transtornos, mas que serão compensados quando tudo estiver pronto, destacou o governador Eduardo Campos. Faremos um esforço para não aumentar as tarifas. Hoje 30% dos moradores do Grande Recife não usam transporte público porque não podem pagar as passagens. Queremos que essas pessoas passem a andar de ônibus. Também que os motoristas que têm carro deixem os veículos em casa, só usem à noite ou nos fins de semana, complementou o governador.
Para realizar as obras anunciadas ontem, serão gastos R$ 476 milhões, dos quais mais da metade, R$ 347 milhões, virá do governo federal, por meio do PAC da Copa. O restante, R$ 129 milhões, sairá do tesouro estadual.
MAIS VIADUTOS
No corredor Leste-Oeste, que deve atender a 126 mil passageiros por dia, serão construídos três elevados (diferentemente dos viadutos, nesses locais só circulam ônibus): um próximo ao Bompreço da Benfica, outro na Terceira Perimetral, próximo ao Hospital Getúlio Vargas, e mais um no Engenho do Meio. Na Praça João Alfredo, ao lado do Museu da Abolição, na Segunda Perimetral, vai ser construído um túnel e um viaduto será erguido próximo à UPA da Caxangá. O corredor Norte-Sul também terá um viaduto e um elevado, nos Bultrins, em Olinda, e outro elevado em Ouro Preto.
Fonte: Jornal do Commercio
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