Fiat mudará a face da Mata Norte

Suape perdeu a Fiat. Pernambuco ganhou uma nova força econômica. A oficialização ontem da ida para Goiana, pelo grupo italiano, deu a partida na luta para consolidar um desenvolvimento que começa a chegar à Mata Norte. A festa de ontem, a partir de hoje, dá lugar a um trabalho sem trégua. Até março de 2014, quando a Fiat começar a funcionar, a região precisará atrair fornecedores da montadora, implantar o polo farmacoquímico e dar muita infraestrutura a tudo isso. As faces dos sonhos e a análise da tarefa desafiadora estão nos textos de Adriana Guarda, Angela Fernanda Belfort, Cecília Ramos, Giovanni Sandes e Viviane Barros Lima, com fotos de Hélia Scheppa, que seguem até a página 4.

A implantação de novos polos produtivos vai redesenhar a economia da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Enraizada na cultura da cana-de-açúcar, a região vai fazer a transição para os setores industrial e logístico. O Complexo Fiat, com investimento estimado em R$ 7,1 bilhões (R$ 4 bilhões da montadora e R$ 3,1 bilhões dos fornecedores), será o motor desse ciclo de desenvolvimento. O cluster automotivo vai se juntar ao polo farmacoquímico e a uma plataforma logística integrada por porto e aeroporto. Só esses três megaprojetos, no município de Goiana, totalizam investimentos de R$ 12,1 bilhões, equivalente a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) pernambucano.

Integrada por 19 municípios, a Mata Norte tem sua vocação histórica na atividade sucroalcooleira. A região responde por 38% da produção estadual. “Nas últimas décadas, pelo menos cinco usinas fecharam as portas, por conta da crise do Proálcool e dos preços depreciados do açúcar. Apesar disso, as seis unidades que resistiram vêm investindo no aumento da produção”, destaca o presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana, Alexandre Andrade, alertando que o setor terá que se adaptar à nova economia.

Além da cana, a Mata Norte também se destaca na avicultura, piscicultura e fruticultura, com destaque para banana. Na área industrial, a região fez história na fabricação de calçados (Timbaúba) e móveis. “A chegada de grandes empreendimentos vai estimular o surgimento de novas cadeias produtivas e reposicionar antigas atividades”, defende o presidente da agência de planejamento de Pernambuco Condepe/Fidem, Antônio Alexandre da Silva. Em 2008, a agência iniciou um estudo sobre a Região Metropolitana Norte e o município de Goiana, apontando desafios e oportunidades para sete municípios (veja arte). Concluído no ano passado, o trabalho orienta sobre a necessidade de ocupar a região com sustentabilidade socioambiental.

“Num primeiro momento, as cidades do litoral norte deverão aproveitar melhor as oportunidades geradas pelos polos de desenvolvimento instalados em Goiana. Isso porque dispõem de melhor infraestrutura, de mão de obra e de equipamentos de serviços. O desafio do governo de Pernambuco será induzir a irradiação do impacto positivo para outros municípios, a exemplo do que está acontecendo no Complexo de Suape. No Eldorado pernambucano, as cinco cidades do chamado Território Estratégico (Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Escada e Moreno) foram as primeiras a se beneficiar. Mas o território acabou sendo expandido com a inclusão de Rio Formoso, Sirinhaém e Ribeirão. “O mesmo deverá ocorrer na Mata Norte”, acredita.

Na avaliação do economista Sérgio Buarque, o anúncio dos investimentos na Mata Norte sinalizam para uma desconcentração de polos de desenvolvimento na área do Complexo de Suape. “O fato de a Fiat não conseguir um terreno contínuo no porto para instalar a montadora aponta para o estrangulamento de Suape e a necessidade de apostar em outras regiões”, defende. O desafio, agora, será interiorizar o desenvolvimento para que as empresas não voltem a se concentrar na Região Metropolitana, dessa vez na área Norte, como antecipa o Condepe/Fidem.

CORRIDA

Após a festa do anúncio, o momento é de arregaçar as mangas. “Hoje (ontem) é o dia D”, diz o presidente da Fiat para a América Latina, Cledorvino Belini. Para cumprir o cronograma de início da operação em março de 2014, as obras têm que começar até o final do ano. O secretário de Desenvolvimento, Geraldo Júlio, diz que as licenças ambientais já estavam em tramitação e o novo terreno de 1.400 hectares, na Usina Santa Tereza, não precisará de supressão vegetal, por já ser explorada industrialmente. Para ele, isso vai acelerar a aprovação da papelada. Além disso, comenta, a Fiat em Goiana precisará de menos da metade dos R$ 350 milhões que seriam gastos na terraplenagem em Suape, dinheiro que sairá agora diretamente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

Jornal do Commercio

Um comentário em “Fiat mudará a face da Mata Norte

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  1. me chamo andre de sousa silva , e estou disponivel para trabalhar em pernambuco , na terraplanagem da montadora fiat em goiana, tenho 4 anos de experiencia como operador de retro escavadeira.meu telefone 07588738864.

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