O nosso 1º navio volta para reparos

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Com falhas na construção, petroleiro voltará ao dique seco do EAS para conserto no casco antes da prova de mar. ///

Adriana Guarda. ///

Símbolo do renascimento da indústria naval no Brasil, o João Cândido não será o primeiro navio entregue à Transpetro no Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). Com falhas na construção, o petroleiro vai voltar para o dique seco do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, onde terá que passar por reparos no casco, antes de seguir para a prova de mar (teste drive). O problema coloca em xeque o cronograma de entregas da empresa, dona da maior carteira de encomendas do País (US$ 8,1 bilhões).

No dia 7 de maio de 2010, o navio foi batizado e lançado ao mar. A previsão era concluir o acabamento em quatro meses e entregar a embarcação à Transpetro em setembro. Um ano depois, o João Cândido continua encalhado no cais do EAS. Em entrevista ao JC no final de fevereiro, o ex-presidente Angelo Bellelis admitiu que o petroleiro tinha problemas nos sistemas de vapor, água e óleo, nas interligações das tubulações e na casa de bombas. Segundo ele, os ajustes seriam concluídos até este mês, quando seria realizada a prova de mar. O nono cronograma de entrega estava previsto para o segundo semestre, mas sem data definida.

Questionado sobre os problemas no casco da embarcação, o estaleiro informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não vai se pronunciar. Em nota encaminhada à imprensa, em março, a empresa dizia que o navio será docado (rebocado para dentro do dique) para a chamada docagem de entrega. O procedimento antecede a prova de mar. É o momento de remover resíduos e algas acumulados no casco enquanto o navio estava no cais, que podem comprometer a performance. Depois é realizada a pintura final do petroleiro.

“Não será uma docagem tradicional. As soldas do navio estão erradas e precisam ser refeitas. Será necessário rasgá-las, lixar o local e refazer. E não são poucos os reparos. No próximo dia 30, o casco da plataforma P-55 e do Zumbi (segundo navio) serão retirados do dique para o retorno do João Cândido. É um processo demorado e de alto custo. As soldas terão que passar, novamente, pelo raio x e ultrassom”, diz um funcionário que pediu para não ter seu nome divulgado.

Os percalços do primeiro navio provocaram uma dança das cadeiras no EAS. O ex-presidente Bellelis deixou o comando do negócio 16 dias após conceder entrevista ao JC. Pelos menos outros cinco diretores foram substituídos.

Por meio de nota, a Transpetro diz que está avaliando as justificativas do EAS pelo atraso do navio antes de aplicar qualquer penalidade pela quebra de prazo do contrato. A estatal acredita que o João Cândido será entregue em outubro deste ano.

No chão de fábrica, os operários fazem gozação do petroleiro. “O casco do navio mais se parece com um queijo suíço ou um chocolate Suflair (aerado), cheio de furos nas soldas”. “O nome dele devia ser João Cândido Bacalhau (no jargão do setor, o bacalhau é um remendo, símbolo da construção malfeita)”. “Isso aqui é um navio-escola, não navega. Foi feito só pra treinar”. “O casco virou um ostreiro, de tanto tempo encalhado no cais”.

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6 comentários em “O nosso 1º navio volta para reparos

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  1. Aqui, felizmente, estou lendo comentários menos indigentes, do ponto de vista gramatical. Quanto à parte técnica, prevalece um exagero crítico inaceitável, incentivado alegremente pela mídia oposicionista. Falando como engenheiro de projetos, afirmo que, dentro de certos limites, pode haver defeitos de fabricação em qualquer produto. Para corrigi-los antes da entrega, toda fábrica moderna deve possuir um Departamento de Controle da Qualidade. Por conseguinte, todos os supostos defeitos do “petroleiro da discórdia” podem ser identificados e reparados integralmente pelo estaleiro que o fabricou. E o serão, com toda a certeza.

  2. mas q negócio MAL FEITO!e como coloca em xeque o EAS.aliás:praticamente todo projeto de renascimento da indústria Naval Brasileira.

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