Lição nº 1: reduzir, reutilizar e reciclar

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RECEITA Especialistas dizem que a teoria dos 3 Rs é o caminho para um ciclo virtuoso em busca da gestão adequada para os resíduos. ///.

Rafael Dantas. ///.

Cada brasileiro produz em média 1,079 kg de lixo por dia, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em pesquisa realizada no ano passado. No Recife, onde o montante coletado médio por dia é próximo a 2 mil toneladas, a quantidade de lixo coletada por habitante é ainda maior que a média nacional: 1,29 kg por dia. Em 2004, o índice era de apenas 459 gramas. A elevação do consumo e a reduzida cultura de reciclagem no País criam um efeito reverso ao defendido pelos especialistas em sustentabilidade.

A lição dos ambientalistas para que você seja um cidadão sustentável quanto à destinação do lixo é simples: reduzir, reutilizar e reciclar. A teoria dos 3 Rs é o caminho apresentado para criar um ciclo virtuoso em busca da gestão adequada para os resíduos gerados diariamente no País. “Temos que mudar o padrão de consumo e se preocupar mais com a nossa responsabilidade no pós-consumo”, analisa o engenheiro civil, Bertrand Sampaio, pesquisador e professor do mestrado em Tecnologia Ambiental do Instituto Tecnológico de Pernambuco.

Para o pesquisador, a ordem de prioridade da teoria dos 3 Rs não pode ser invertida, ao defender que o avanço na reciclagem no País não pode deixar a população despreocupada quanto a quantidade de lixo produzida. Os especialistas apontam que o crescente número de embalagens é um dos responsáveis pelo aumento da quantidade de resíduos gerados por dia. “Povo educado não é o que limpa muito. É o que suja pouco”, disse a assessora sócio-ambiental da Emlurb e especialista em gestão ambiental, Jane Cristina. “É preciso reduzir a origem do lixo e reaproveitar o possível”, completou.

A mudança de alguns costumes mais sustentáveis por outros mais práticos, porém, que geram mais resíduos é um problema a ser revertido, segundo os especialistas. O uso, por exemplo, de garrafas PET em substituição às de vidro gerou um aumento considerável no volume do material. “Não foi o consumidor que escolheu usar o PET ou o Tetra Pak. Essa foi uma opção do setor produtivo que precisa ser revista, pois gerou muito lixo para a cidade com a proliferação dos descartáveis”, disse Bertrand Sampaio.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria PET, por exemplo – apesar do material ter uma penetração há apenas 20 anos no mercado nacional – 89,9% do envase de refrigerantes em 2009 consumidos no País foi em PET e 0,6% em latas. Apenas 9,6% do acondicionamento do refrigerante foi realizado em vidro, que é um método retornável. Apesar do consumo crescente do PET, o índice de reciclagem do produto é alto. Segundo a pesquisa, 55,6% das garrafas foram recicladas, índice abaixo somente ao do Japão (77,9%).

De acordo com pesquisa elaborada pelos institutos Akatu e Ethos, o número de brasileiros indiferentes ao consumo consciente é de 37%. Na lista de comportamentos sustentáveis estão, por exemplo, planejar as compras de alimentos e roupas, utilizar o verso das folhas de papel e separar o lixo para reciclagem.

Antenado com as práticas de consumo consciente, o estudante de design Tomaz Alencar Filho, 19 anos, procura gerar o mínimo possível de lixo, com práticas simples, como usar ecobags ou carregar as compras em caixas de papelão, usar refil sempre que possível e comprar produtos em embalagens maiores. “Não se deve só pensar em fazer a reciclagem, mas em reduzir o lixo e aproveitar todos os produtos da melhor maneira, antes de serem descartados”, disse o estudante.

Quanto à reciclagem, Tomaz aproveita quase todo o material de plástico e papel para produzir peças de arte, inclusive ministrando aulas no Projeto Social Santo Amaro. Quanto à entrega dos outros materiais recicláveis, o estudante, que mora em Boa Viagem, reclama da eficiência da coleta seletiva no Recife. “Passei quase um ano tentando saber como entregar os recicláveis à coleta seletiva da prefeitura. Liguei bastante para saber horários e locais onde destinar, mas não consegui. Isso desestimula as pessoas a reciclar o lixo”, disse.

Jornal do Commercio

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