Novo mapa econômico de PE

Pesquisa Empresas & Empresários mapeia investimentos aplicados no Estado e analisa a concentração de recursos na RMR

A concentração de grandes empreendimentos na Região Metropolitana do Recife (RMR) e na Zona da Mata se destaca no atual momento econômico de Pernambuco. A distribuição espacial desses investimentos é uma das preocupações da 11ª edição da Pesquisa Empresas & Empresários, realizada pela TGI e Instituto da Gestão (INTG), em parceria com a Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) e com a Multivisão. A nova configuração de investimentos produtivos e de infraestrutura compõe, segundo os especialistas, um novo cenário, com desafios para Pernambuco e suas empresas. Esse cenário será discutido nesta segunda série do projeto Pernambuco da Próxima Geração, que começa hoje no JC.

De acordo com a projeção elaborada pela pesquisa, até 2020, os investimentos que desembarcam em Pernambuco superam a marca dos R$ 70 bilhões. Esses números, porém, podem ser bem maiores, segundo os consultores. O estudo foi feito a partir dos números anunciados pelas empresas, que, portanto, sofre alterações com as decisões de ampliação ou chegada de novos empreendimentos e fornecedores.

A Fiat, por exemplo, fez um anúncio de R$ 3 bilhões, que passou para R$ 8 bilhões, com as novas empresas que serão acopladas ao seu parque industrial. Além da montadora, a Refinaria Abreu e Lima é outro caso em que o plano de investimento inicial foi em muito superado, passando de US$ 4 bilhões para US$ 13 bilhões.

Aproveitando as vantagens competitivas do Porto de Suape, 74% dos novos investimentos que estão dinamizando a economia do Estado estão na faixa da Zona da Mata e Região Metropolitana do Recife. A região que já era responsável pela maior fatia do PIB do Estado, deverá ampliar essa participação com a conclusão das obras dos novos parques industriais. Embora concentrado nos dois polos do Estado, esse crescimento, segundo os especialistas, ocorre também no interior, em menor proporção.

“O fato dos investimentos estarem se concentrando em Suape pode estar ofuscando um fenômeno que também está acontecendo que é o crescimento do interior, em proporções menores, mas que têm um impacto local muito importante”, declarou o consultor Leonardo Guimarães Neto, sócio da Ceplan, que destacou ainda a formação de polos em diversos municípios, tendo como o exemplo mais contundente a cidade de Salgueiro, com a vocação logística.

INCENTIVOS FISCAIS

Ao analisar o crescimento econômico do Estado por inteiro, o consultor Francisco Cunha, sócio da TGI, ressalta que existem iniciativas importantes que estimulam a interiorização de investimentos, como os incentivos fiscais do Governo do Estado. Mas, para ele, o desenvolvimento do interior passa por uma maior articulação da dinâmica dos polos e pela concretização de alguns projetos no Sertão e no Agreste. “Os investimentos que estão sendo feitos no Complexo Portuário de Suape vão ter como resultado um transbordamento para outras regiões do Estado”, acredita Francisco Cunha. “Embora os incentivos fiscais sejam importantes, eles não são suficientes para provocar a desconcentração de investimentos. É necessário um planejamento de longo prazo para adensar o desenvolvimento do Oeste do Estado”, sugere.

Numa reflexão propositiva, o consultor da TGI afirma que o Canal do Sertão seria uma obra necessária para dinamizar os polos de Petrolina, que precisa de mais áreas de irrigação, e do Araripe, que possui uma antiga demanda energética. O projeto que visa captar água do Rio São Francisco para abastecer mais de 600 km, incluindo 16 municípios de Pernambuco e um baiano. “O Canal do Sertão seria um contraponto importante, pois consegue criar alternativas para essa região do Extremo Oeste. “A obra viabilizaria a produção de cana de açúcar para produção de etanol e geração de energia a partir do bagaço.”

Para ampliar e qualificar a cadeia produtiva desses polos que têm dinâmicas movidas por suas vocações naturais (a frutivinicultura e a extração de gesso), a consultora Fátima Brayner, sócia da TGI, defende que haja uma política clara de desenvolvimento, associada a investimentos tecnológicos que permitam produtos de maior valor agregado. “Para se apropriar dessas vocações naturais regionais, como no Vale do São Francisco e no Araripe, é preciso definir políticas que garantam o adensamento de suas cadeias de produção. É necessário definir qual o eixo de desenvolvimento e fazer investimentos que permitam à chegada de novas empresas, estimulando a criação de outra dinâmica de produção.” No polo gesseiro, por exemplo, seria ampliar as atividades, em paralelo à extração de gipsita, e investir também em novos produtos e derivados.

Outra mudança relevante na dinâmica da economia de Pernambuco é a retomada da importância da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) pernambucano. Na projeção dos investimentos que chegam ao Estado, cerca de 70% são para o setor industrial. “Estamos passando por um momento de transformação, com o surgimento de oportunidades que estão levando Pernambuco a uma mudança no perfil produtivo. Após um longo período de desindustrialização, estamos num momento de recuperação ancorada em atividades que não tínhamos e que vão ter uma repercussão sobre a antiga base industrial”, afirmou o consultor Valdeci Monteiro, sócio da Ceplan.

Além do novo momento industrial, uma tendência apontada pelos especialistas é a nova dimensão que terá o setor de serviços no Estado. O aumento do número de empregos, a geração e expansão da renda dos trabalhadores do Polo de Suape impactam diretamente no mercado de serviços. Tanto o setor de serviços especializados, de apoio à indústria, como manutenção, informática e assistência técnica, como serviços pessoais e sociais, devido ao aumento do poder de consumo.

Rafael Dantas | Jornal do Commercio

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